Nestes dias terríveis de chumbo, em que um "putinho" travestido de czar dos tempos modernos sacrifica as vidas de todas as idades e sonhos de todas as cores, e cria o desassossego, o sofrimento, o trauma de tanta gente, não é fácil encontrar serenidade.
A vida é de fato coisa frágil, muito frágil...a democracia, a liberdade também...e o alheamento das coisas que nos dizem respeito que muitos apregoam e se gabam de praticar (não quero saber de política...) só fortalecem quem essa democracia e liberdade querem acabar. Ao menos que estes tristes tempos nos sirvam de lição... E não posso de deixar de fazer aqui a minha homenagem ao heroico povo ucraniano, e também a todos os cidadãos russos que conseguem expressar a sua oposição à loucura das suas corruptas elites.
Mas falemos da liberdade...daquela sensação da liberdade que a serra nos dá com as imensas paisagens que nos oferece...
Desta vez foi a Serra da Cabreira que nos recebeu no passado sábado (19 de março) e nos proporcionou mais uma caminhada, não longa mas intensa...e como disse um dos amigos caminheiros, caminhada que foi como um perfume, belo, pequeno, intenso...
Subidas esforçadas, descidas com cuidados, cães pastores que nos cercaram zelosos do rebanho que guardavam no alto da serra..., ravinas, trilhos cravados nas íngremes encostas que metiam respeito, travessias "desportivas" de ribeiras pelas pedras, tudo entre as encostas de vales profundos que nos levaram, em primeiro lugar ao Nariz do Mundo, formação geológica cravada entre vales com uma vista fantástica no seu topo (Alvão, senhora da Graça, Marão, todo os vales de Mondim, Cabeceiras de Basto...), e em segundo lugar, a Pisão, local no fundo do vale junto à ribeira de Cavês, onde antigamente se pisoava (apertava) a lã e se moíam os cereais (edifícios em ruínas).
E já no regresso, de Pisão até Formigueiro, outra aldeia quase já à cota de Moscoso...uma subida violenta que mais parecia castigo... 20% declive médio... 1,5 h de caminhar envergonhado...com paragens sucessivas para recuperar folego e dar descanso às pernas... Duro...
Caminhada esforçada portanto, entre os 600 e os 900 m de altitude (600 m de desnível acumulado), que demorou 5,5 horas a fazer e que tomou como referência o PR5 - Trilho de Pisão e Nariz do Mundo, com início na aldeia de Moscoso, local onde se encontra o famoso restaurante Nariz do Mundo que viemos a conhecer... e cujo repasto leve nos deliciou (chanfada de entrada, carne grelhada de prato principal, companhia de vinho verde branco das encostas da Cabreira / terras de Basto...).
Costuma-se dizer que o céu se conquista com sacrifício, e que depois este é justo...
No registo GPS foram 13,5 km de caminhada (um ligeiro acrescento ao trilho marcado, já com algumas falhas de marcação e a precisar de manutenção, em especial no caminho do Nariz do Mundo para Pisões, com uma pequena parte do trilho soterrada por aluimento recente de terras, pedras e árvores) e que se pode considerar de dificuldade "média +" (moderada no folheto), caminhada portanto só apropriada a quem está habituado a estas andanças.
Mais um dia de amizade e alegria deste grupo de rapazes e raparigas, todos jovens..., que quando se juntam, pela metade da idade oficial do CC se comportam...
Viva a vida, Bom Ano!
Foto seguinte da autoria do amigo Fernando Carvalho