Um fim de semana por terras de Freixo de Numão, Longroiva e Meda, percorrendo caminhos por montes e vales com vegetação primaveril exuberante, ora selvagem ora moldada pelo homem com as suas amendoeiras em flor, oliveiras e vinhas, foi o programa dos Boas Solas nos passado dias 22 e 23 de abril.
E se caminhar por montes e vales é já um privilégio, fazê-lo mas também visitando inúmeros locais arqueológicos é algo com sabor único... É como uma viagem ao passado em que andamos pelos caminhos dos nossos antepassados e tocamos as suas pedras, casas e marcas como eles fizeram séculos e mesmo dois mil atrás, como os romanos. O nosso pensamento voa, interrogamo-nos como viviam, o que lhes ia na alma, quais os seus desafios, necessidades, sonhos, imaginamo-nos ali séculos atrás...os sons, a sobrevivência, os locais como defesas, onde teriam água, pesca, caça...plantações, o vinho seguramente... os romanos.
E como sempre, um tempo magnífico, devidamente encomendado... (o S. Pedro é bom caminheiro... mas há quem pense que o "animador" desta trupe tem um canal de comunicação direto com o dito cujo...)
E se a belíssima caminhada que se fez no sábado e locais que se visitaram são razões para mais tarde recordar, a excelente estadia no Hotel Longroiva e o belíssimo jantar no seu restaurante e momentos de convívio não o são menos!
Mas falemos da caminhada de Sábado!
O percurso de 16 km é um percurso não assinalado (a não ser os vestígios arqueológicos e por vezes mal...) com início e chegada a Freixo de Numão, no Largo da Devesa onde estacionamos os carros e tomamos um cafezinho num estabelecimento local. Foi um percurso que demorou 5,5 horas a fazer e que passou pela Calçada Romana (assinalada), um antigo Mansio Romano, Moinho do Cubo, Povoado do Zimbro (Séc. I ao Séc. IV, capela de Murça do Douro (onde merendamos com uma vista magnífica), Ruínas de Rumancil I (villa rústica romana do Séc. III d.C., as fantásticas Ruínas do Prazo (vila Romana Séc. I a IV D.C.)
Uma informação digna de nota que importa registar: entre o Povoado do Zimbro e Murça do Douro, o percurso atravessa alguns terrenos particulares com as suas vinhas durante 500 metros até à estrada EN234. Por acaso encontramos um casal, proprietário de um terreno, que nos deixou passar e nos guiou até ao caminho do vizinho que tivemos que atravessar para chegar à estrada...
Chegados a Freixo de Numão visitamos o Museu da Casa Grande, que integra coleções de arqueologia e não só. Caminhada fantástica pela beleza paisagística, pela prática física (média dificuldade), pela história visitada, mas a evitar nos dias de calor e sol intenso, pois as subidas transformam-se em paredes verticais... e os vales viram caçarola de assado... (poucas sombras).
Longo já era o dia, mas a romaria não tinha acabado...
Deslocação para o hotel, banho retemperador na piscina exterior aquecida com águas termal, jantar, caminhada ligeira noturna de recuperação pela aldeia de Longroiva até Castelo, e descanso.
No dia seguinte revisitamos Longroiva e o seu Castelo, e depois Meda, capital do Concelho com a sua Torre do Relógio, tendo almoçado no Restaurante Sete e Meio, um dos poucos estabelecimentos abertos ao Domingo.
Um saltinho à Feira Medieval da Torre de Moncorvo também fez parte do programa com a maioria dos amigos a regressar a casa e uns poucos a permanecer em Longroiva para mais um jantar e mais uma noite que teve um momento de boa conversa no bar do hotel com a Dª Jessica que nos serviu um bom "Jameson" e connosco partilhou as vivências, dilemas e desafios de quem daquelas terras é ou vive, tendo tudo começado pela nossa observação da pouca gente que vimos nas aldeias, vilas ou cidades por onde passamos.
Terra bela e cheia de história, para simplesmente estar e/ou para descobrir ainda. A revisitar!
Praça, Igreja Matriz e Pelourinho de Freixo de Numão
Calçada Romana
Moinho do Cubo
Capela de Murça do Douro
longa subida de 3 km até ao Povoado do Rumansil
Povoado do Rumansil
Dolmen
Ruínas do Prazo
Bom Ano!
Longroiva
Castelo de Longroiva
Longroiva
Castelo da Torre, Meda
Feira Medieval em Torre de Moncorvo
Alma cheia, mais uma história vivida e registada, mais uma página da vida para recordar e partilhar...
14 anos de caminhadas, desde 2009...
E como dizem os Boas Solas: Bom Ano!