segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Boas Solas, caminhada de Natal, Guimarães, 15 anos de encantamentos...

 


15 anos de caminhadas 2009 – 2024… uma vida.

Não podia ter acabado melhor este 15º ano de caminhadas por serras, vales, aldeias, de vivências, de descobertas, de encantamentos!
Nestes 15 anos, praticamente conseguimos “tocar” todas as serras do Norte e Centro de Portugal, percorrendo muitas aldeias e cumeadas, muitos caminhos ancestrais e a pé posto, por vezes  “corta mato”…, passando por rios, ribeiros e ribeiras, paisagens e recantos de encantar… 
As animadas paragens para merenda a meio do dia no meio da natureza, no topo de uma serra ou numa aldeia… as esforçadas caminhadas de muitos km e horas, com sol ou chuva, vento ou sem vento, calor ou frio, no Outono, Inverno e Primavera, os grande desníveis, as conversas com os pastores e habitantes locais, o desafio da orientação, o "baichubere, baitu", os muitos "Bons Anos!", os encontros gastronómicos de eleição, as tertúlias nas pernoitas… que momentos, muitos, muitos, mas sempre, sempre, poucos … Viva a vida…
E não posso esquecer a magia dos caminhos de Santiago que fica para sempre nos nossos corações, o Francês (2009), o Português (2012), Santiago a Finisterra (2014), o Inglês (2015), que encantamento…

Após 15 anos cumpridos, o juízo ainda não chegou e as pernas lá continuam... (1), mas o perfil dos desafios já se começou a moldar com o passar do tempo… caminha-se menos mas contempla-se mais, aprecia-se mais como um bom vinho... e como já se descobriu que a vida não é eterna, festeja-se muito mais! Viva a vida!


E para fechar este ciclo de 15 anos e respeitando a tradição dos últimos anos em que a última caminhada do ano em Dezembro deveria incluir uma cidade para se respirar o ar de Natal, escolheu-se esta ano e pela segunda vez a belíssima cidade de Guimarães!
E como sempre que é possível, optou-se por um meio de transporte mais ecológico, o comboio. Saídos da estação, confrontamo-nos com a Montanha da Penha à nossa frente e com umas sábias palavras do guia espiritual destas andanças: agora é só descer por ali abaixo até ao cimo..
Com 617 metros de altitude esta montanha marca a paisagem de Guimarães e nela se pode encontrar uma floresta antiga, enormes penedos, ermidas, caminhos, grutas, passagens estreitas e recantos, e vistas fantásticas da cidade e redondezas, a oeste e nos dias limpos, o mar entre o recorte dos montes, e para norte, as Serras da Arga, Cabreira e Gerês.
Para alcançar tal prémio foi preciso 1 hora e 30 minutos para percorrer os 3,5 km pela serra acima (400 metros de desnível desde a Estação), que não sendo difícil também não foi fácil mas que mereceu todo o esforço, não só pela Penha e seus atributos mas também porque foi aí que tivemos um dos melhores momentos de convívio gastronómico dos últimos tempos, em concreto no restaurante “Tas’co Pio”, estabelecimento típico mesmo debaixo da estátua do Papa Pio IX, situado no topo da montanha.  Cabrito, vitela e bacalhau de eleição, antecipados de umas boas entradas, tudo acompanhado dum belo tintão minhoto em caneca (que se esvaziava com muita facilidade...), e muita brincadeira e alegria, foram os ingredientes para duas horas de um animado convívio (como de costume…), recortado frequentemente e ao mínimo pretexto, com os famosos brindes “Bom Ano” dos Boas Solas!
Obrigado Sara e Francisca pela receção, atendimento, por tudo, foi excecional. A recomendar e a repetir!
Alma cheia, hora de pôr-do-sol na Penha, a noite anunciava-se, as árvores e penedos ficaram ainda mais misteriosos, a cidade lá em baixo já com milhares de luzes cintilantes, era hora de ver os enfeites de Natal! Descer o que se tinha subido… mas o teleférico estava ali e a fechar… e num impulso resolvemos voar…. Que prenda, que visão descendo o monte para a cidade. Os deuses estavam connosco…
Percorrido o lindíssimo casco histórico de Guimarães, seu mercado de Natal e as iluminações, era hora do regresso, de comboio, claro!
Alegria até na despedida, 14 caminheiros, dia grande, alma cheia…
Viva a vida, Viva o Natal, há que festejar, Bom Ano!

(1) dito de Pitões das Júnias: enquanto há pernas não há cabeça, quando vem a cabeça já não há pernas.


Feliz Natal!
Bom Ano!