Gerês - 19 de Março.
A montanha tem outro encanto…
Eram 10h00 duma bonita manhã de Primavera, quando iniciámos a caminhada na aldeia de Fafião, a 500 metros de altitude.
Começámos por visitar o “Fojo do Lobos”, construção ancestral utilizada pelos povos da região para encurralar os lobos. Memórias, lendas e medos que se estendem pelos tempos.
Daqui se avistava a montanha que esperava por nós. Resplandecente com o sol da manhã, escondia a Rocalva que queríamos atingir. Descemos para a Ponte da Pigarreira sobre o Rio Fafião a 350 metros de altitude, onde já tínhamos passado de carro. As águas cristalinas do rio e as suas lagoas, o conhecido encanto do Gerês... Tivemos de nos apressar pois só aqui começava verdadeiramente a nossa odisseia.
Subir… trepar as lages, as pedras feitas degraus, as pedras soltas, as marcas das cabras… estávamos no bom caminho, não havia que enganar… Um estradão apareceu logo depois, impróprio para veículos que não fossem tractores, tal era a sua inclinação. À nossa esquerda, o abismo, o vale do Rio Conho. Imponente!
O sol era cada vez mais intenso, o calor aumentava, a subida continuava, a paisagem crescia… Depois de passar a Chã de Touro de Trigo, um pouco de planalto verdejante, mais um subida se adivinhava a seguir.
Chegámos à Carvalhosa, bonito prado a 950 m de altitude. Verde no meio do granito, os carvalhos ancestrais, alguns infelizmente queimados por incêndios, deixando esta parte da serra devastada, meritório o esforço de alguns que por aí a andam a replantar.
Uma nova parede de pedra atravessava-se no nosso caminho. Lá descobrimos o trilho e continuamos. Começámos a entrar no reino do granito com as mariolas sempre como companhia.
Eram já 13:00 quando chegámos próximo dos Bicos Altos, num pequeno planalto granítico aos 1150 metros de altitude, onde se avistava finalmente a Rocalva, Roca Negra, o Borrageiro atrás.
Hora de merendar e descansar, deitar na pedra… e fim de percurso para a maioria dos caminheiros. Já levávamos 3 horas de subida ininterrupta… Foi dose…
Depois da merenda, e enquanto uns se deleitavam ao sol a descansar, um pequeno grupo continuou: “vamos continuar, 0,5 hora para ir, 0,5 hora para regressar, daqui a 1 hora estamos aqui” E assim foi feito! Merecido esforço: uma paisagem de sonho na Meira d´Ovos com 2 vales imensos, um de cada lado, o da direita o do Rio Laço, as Sombrosas ao fundo, à frente a Rocalva, a Roca Negra quase ao tocar da mão. Paisagem de encantar!
Atravessámos a passagem entre os dois vales na crista da serra e continuamos a subir, menos é certo, mas a subir ainda, pedra a pedra… Chegámos ao Coução, mais outro prado a 1200 metros de altitude, a Rocalva estava ali ao dobrar da esquina. Mágico!
Era hora de regressar, tínhamos o grupo “residente” à espera, e um longo caminho a percorrer para regressar. Fica a promessa de lá tocar com a mão...
Eram 14:00 quando iniciámos a descida, e 17:30 quando os últimos caminheiros chegaram a Fafião.
Uma cerveja, uma água, um momento de descontracção no café “O Fojo dos Lobos”, a alegria pelo dia passado. Foram 17 km que não se esquecerão.
No Domingo, uma caminhada suave de 9 km com um grupo de caminheiros mais alargado, ao longo das margens da albufeira de Vilarinho das Furnas até à aldeia submersa. O encanto continuou!
Horas de esforço, de muita alegria e boa mesa também...
Venha a próxima!
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