domingo, 31 de dezembro de 2023

Bom Ano!

 


De 2023 me despeço e a todos desejo um Feliz Ano de 2024, ano que se tornará no 15º ano dos Boas Solas e deste blog também. Uma vida...
E como do futuro se trata nestes votos e os sonhos vão lá ter... não resisto a partilhar este fantástico poema de Miguel Torga:

SÍSIFO

Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

Miguel Torga, Diário XIII

Bom Ano!

domingo, 17 de dezembro de 2023

Festas Felizes 2023


Feliz Natal!
Boas despedidas de 2023, boas entradas em 2024
Festas Felizes!
E um 2024 cheio de alegrias, saúde e... muitas caminhadas!

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Caminhada de Natal, Viseu


Como manda a tradição dos Boas Solas nos últimos anos: em Dezembro trocou-se a "montanha" por uma cidade para um percurso urbano, cultural, gastronómico, com "mergulho" no ambiente natalício com as ruas e lojas decoradas e iluminadas! Viva o Natal!
Este ano a cidade escolhida foi Viseu, tendo sido realizado um agradável e relaxante percurso a pé de 14,5 km que começou no Parque do Fontelo, passando pelo Parque de Santiago, Cava do Viriato, Moinho da Tia Micas Moleira, Quinta da Cruz - Centro de Arte Contemporânea, Praça da Republica / Jardim das Mães, Sé Catedral, Museu História da Cidade, Rua Direita, Rua Formosa, Praça da Republica, com "lanche" de petiscos na Taverna Dona Maria onde fomos recebidos pelo Sr. Alexandre Trindade, o seu proprietário, que implementou um conceito diferente e animado de bem servir.
E o fim da "festa" só poderia acabar dum modo... já noite caída, em pleno centro junto ao Município, apreciando as iluminações,  o mercado de Natal com as suas lojinhas, a animação tão característica desta época.
No fim do fim...abraços finais de agradecimento de mais um dia de boas vivências em conjunto, votos de boas festas, era hora do regresso a casa, para o ano haverá mais!



Rio Pavia
Ponte Romana sobre o Rio Pavia

Quinta da Cruz

Sé de Viseu, Museu Nacional Grão Vasco
Museu da Cidade de Viseu

Feliz Natal!

Bom Ano!

Notas soltas...

"Me gusta, dentro de las historias de un lugar, detenerme por un instante en un fragmento de una historia personal vivida y fijar un pequeño fragmento del lugar: tierra, jojas, piedras, trozos encontrados,..., como poemas visuales sobre el recuerdo, el olvido, lo ausente...

Historias de un lugar, Maria Jesús Agra Pardiñas, 2021

A imaginação e beleza dos quadros expostos pela artista na exposição temporária na Quinta da Cruz - Centro de Arte Contemporânea e a sua mensagem da importância da retenção das vivências e histórias, justificou per si a visita a este espaço e deu razão ao que sempre pensei sobre a necessidade de codificação das vivências e sua partilha, nomeadamente as vividas ao longo dos últimos 14 anos neste grupo dos Boas Solas.
Mais de 100 percursos realizados, mais de 2000 quilómetros de caminhos palmilhados, centenas de horas de convívio, de brincadeiras, de boas conversas, montanhas, vales, cidades e aldeias visitados, momentos e enquadramentos inesquecíveis, dezenas e dezenas de pessoas encontradas e com as quais se trocaram histórias e se interagiu... que longa história para partilhar e recordar!
E se assim pensei, assim realizei: este blog foi e continuará a ser o porto onde algumas das milhares fotografias que se tiraram tiveram o seu abrigo, devidamente "aconchegadas" da narrativa simples do que se viu e do que se viveu, na medida da habilidade possível do autor...da inspiração e entusiasmo...
Fragmentos da nossa vida...elementos de partilha no presente, elementos de lembrança futura...
A vida merece ser vivida e partilhada. Viva a vida!

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Caminhada dos Boas Solas, Trilho do Guerreiro, Boticas, 21 Out 2023

Quando começo a passar à escrita as memórias de mais uma caminhada, de forma recorrente recordo: 

“O Mundo Maravilhoso” de Miguel Torga:

Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso. Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não hesite.

e a “A nossa Vida…Ítaca” de Konstantinos Kaváfis

Quando começares a tua viagem para Ítaca,
reza para que o caminho seja longo,
cheio de aventura e de conhecimento.
Não temas monstros como os Ciclopes ou o zangado Poseidon:
Nunca os encontrarás no teu caminho
enquanto mantiveres o teu espírito elevado,
enquanto uma rara excitação agitar o teu espírito e o teu corpo.

De facto sempre soube (ou quase…), que aquilo que vemos e sentimos é produto do que somos e pensamos e da realidade que observamos. Faço o paralelo com a ciência da metrologia, cousa de engenheiros e de físicos, que sabe muito bem que o instrumento utilizado afeta o resultado da medição…

Recordo também o livro que mais me impressionou e que li em 1980, “O Senhor dos Aneis” do Tolkien, a partir do qual nunca mais olhei para os montes, as serras, as florestas, as árvores, os rios do mesmo modo! Os seres mágicos andam lá… Hobbits, Elfos, duendes, trolls, anões, bruxas, fadas, seres encantados, já vistos e nunca vistos… e tudo mais, em perfeita união com toda a vida que se assiste, as plantas, as árvores, os pássaros, os animais, os povos do antigamente, agora espíritos deste mundo que habitam as ruínas de edificações ancestrais e muitas vezes representados pelas formas curiosas das pedras… Quando lá estamos, todos nos rodeiam, todos nos ouvem… Que mundo encantado para construir e partilhar com os meus netos quando puderem ir comigo! Mal de nós se deixamos morrer a criança que está cá dentro…

Caminhar na natureza é também um exercício físico (de preferência esforçado…) de autoavaliação, muitas vezes de superação, mas também de imersão nesse mundo encantado, mais ou menos imaginativo e que se deseja prolongado… à medida do ritmo da vivência de cada um…

A caminhada que fizemos no passado dia 21 de Outubro seguiu o percurso PR 5 – Trilho do Guerreiro com início e fim no Boticas Parque (que merece a visita!), em plena Serra do Barroso. Foram palmilhados 19 km, em parte ao longo do Rio Beça, o restante em caminhos rurais e de montanha, com passagem pela aldeia de Vilar e com subida ao Castro do Outeiro Lesenho, sito em monte com o mesmo nome, a 1078 metros de altitude, e onde se alojam as ruínas de uma povoação castreja da época do Bronze, uma das principais que se conhece no noroeste peninsular e conhecida por ter sido lá encontrado o maior conjunto de estátuas galaico-romanas de guerreiros, estando uma réplica aí colocada a "vigiar" todo o horizonte.

Caminhada de 6 horas por caminhos rurais, de montanha, entre florestas de carvalhos e castanheiros nas quais se dependuravam imensos e enormes  líquenes (natureza imaculada…), entre vegetação de mil cores de Outono, linhas de água por todo o lado, pelo vale do Rio Beça, por zonas de penedia com a envolvente de paisagens imensas até às montanhas em redor, a norte o Larouco em Montalegre, a sul o Alvão.
E um tempo magnífico de Outono… (o nosso guia tem trato com o S. Pedro…), céu de nuvens, por vezes com uns raios dum sol envergonhado, vento fraco de sudoeste, neblinas nas cumeadas, uns pinguitos raros, uma visibilidade imensa.

E se o contacto com a natureza da serra e do interior é já de encher a alma, o contacto com as pessoas da terra não o é menos… conversamos com um casal que olhava embebecido para as suas vacas a pastar num prado, com as senhoras que lavavam a roupa no tanque da aldeia, com o pastor que connosco se cruzou a levar o seu gado e que quase nos arrastava para sua casa para provarmos o seu vinho… boa conversa, gente bem disposta, gente boa, gente que nos tira da máquina citadina de moer…

E se desta caminhada a história dos 11 caminheiros Boas Solas que nela participaram rezará, dos 8 que ficaram para dormida em Boticas, outras histórias se podem acrescentar! Jantar na famosa Taverna Ti João (obrigado Sr. João, atendimento, gastronomia!), estadia no Hotel Boticas Art & SPA (perfeito!, quarto, instalações, serviço, simpatia, boas vindas e agradecimento com postal personalizado, parabéns e obrigado!), visita ao Centro de Artes Nadir Afonso e aos jardins de Boticas, visita ao Museu Escola em Ribeiro da Pena onde nos sentamos em carteiras idênticas às que utilizamos na escola primária (os de maior idade…), partilhando histórias antigas, e por fim e já a caminho de casa, uma deliciosa prato feito de milho moído, grelos e carnes de  diversas na Adega Regional Escondidinho em Mondim de Basto, que nos surpreendeu também pela qualidade e novidade do repasto, simpatia e eficácia no atendimento! 

Fim de semana cheio, natureza, atividade física, gastronomia, cultura, tempo para cada um, tempo para os amigos, viva a vida!
E como dizem os Boas Solas a qualquer momento e ao mínimo pretexto (ou não…): Bom Ano!

Início: Boticas Parque
Poldras no Rio Beça
Marco geodésico (1026 m de altitude)
Aldeia de Campos
Outeiro do Lasanho à vista
Mamoa do Lesenho
Aldeia de Vilar


Taverna Ti João, Boticas
Centro de Artes Nadir Afonso, Boticas
Em aula com a "setora"..., Museu Escola
Mílharos, Adega Regional Escondidinho, Mondim de Basto